Morro da Fumaça/SC
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Notícias da Cidade

Após carta encontrada na Câmara de Vereadores, fumacense revela cápsula do tempo deixada na antig


Postada em 22/01/2024

Documento datado em 1960 contém saudação para futuros colegas de profissão e faz registro histórico da época

O município de Morro da Fumaça vem vivendo um momento singular em sua história, na mesma semana dois registros históricos foram encontrados na cidade. O primeiro deles na última terça-feira, 16, durante as intervenções no edifício da Câmara de Vereadores, que passa por reforma, juntamente com o prédio da Prefeitura Municipal. No local, um dos trabalhadores encontrou uma carta assinada pelo ex-prefeito, Jorge Silva, data em 1969, alocada entre a parede e o degrau do plenário da Casa. 

O segundo achado foi identificado na sexta-feira, 19, por meio de uma moradora da cidade, que, através das redes sociais, compartilhou com a Administração Municipal uma história relatada por seu avô, pouco tempo antes de falecer. “A última vez que estive com ele, o vô falou que havia deixado uma garrafa, com uma carta, no forro da antiga estação do agente ferroviário, onde viveu por mais de 25 anos. Já tentamos achar em outras situações, mas nunca conseguimos, pensamos que agora talvez pudesse dar certo”, comenta a empresária, Cessonia Cândido. 

Em uma rápida verificação, realizada pela equipe de infraestrutura do município, a cápsula do tempo foi encontrada. “Assim que recebemos a ordem do gabinete, nos deslocamos até o local, e para a nossa felicidade a garrafa estava lá, próximo ao telhado”, compartilha o secretário de Infraestrutura, Natan Felipe Souza. 

O prefeito, Agenor Coral, em companhia do vice-prefeito, Eduardo Guollo, acompanhou o momento da retirada do elemento histórico. “Foi uma rica surpresa, o documento é datado de 1960, tem mais de 60 anos, e resgata o legado de um homem que teve importante participação no desenvolvimento de nossa cidade, mas que até então, não recebeu o devido reconhecimento”, comenta, Noi Coral. 

Escrita pelo então agente ferroviário e telegrafista, José Cândido, a carta resgata o nome dos integrantes da equipe que atuava junto à ferrovia naquele período. “Estamos muito felizes com essa descoberta, pois até então, o vó era um perfeito desconhecido e agora a história dele passa a ser conhecida pela cidade”, destaca Márcia Regina Cândido Otto Adam, uma das netas de Candido. 

Filho de uma das primeiras parteiras da cidade, Custódia Cândido Davi, e do agricultor Cândido Davi, José Cândido, por um erro de cartório, não herdou o sobrenome do pai. Ascendência que batiza diversas ruas do bairro Jussara, em Morro da Fumaça. Devido ao trabalho desempenhado junto à ferrovia, desde os 14 anos de idade, foi proprietário do primeiro carro, adquirido na cidade na época. Veículo que mais tarde, após a morte de Custódia, serviu como alternativa para o transporte das gestantes, que precisavam se deslocar para Urussanga e Criciúma, para dar a luz aos filhos.

“Temos em nossas mão uma parte da história da cidade e de um cidadão fumacense. Este documento receberá o devido tratamento de restauração e preservação, e ficará à disposição da população. Nosso objetivo, a longo prazo, é promover um amplo resgate da história do município e dos principais prédios ligados à linha férrea”, esclarece o vice-prefeito, Eduardo Guollo. 

A estação do agente ferroviário, datada em 1925, no próximo ano completará 100 anos de construção. O edifício é um dos quatro prédios ligados à linha férrea que o município almeja realizar um trabalho de preservação. “Estamos vivendo um momento muito feliz em nossa história. Por muitos anos essa riqueza ficou em segundo plano e agora podemos fazer esse resgate. No Centro Cultural estamos recebendo diversos itens que em breve serão destacados em um museu”, relata Rosângela Pagnan Maragno, a Danda, atual diretora do Departamento de Cultura de Morro da Fumaça.

A terra, onde os índios colocavam fogo e destacavam os morros com fumaça, descrita por José Cândido às netas, foi sua morada até meados de 1960, quando se mudou para Criciúma. Em 1969, em busca de uma vida mais tranquila, foi morar próximo a uma das filhas, em Curitiba, no Paraná. Ainda na década de 60, o telegrafista também ganhou notoriedade durante o movimento getulista, na era Getúlio Vargas, e chegou a ser alocado em Tubarão, por um curto período em que trabalhou sob supervisão até ser considerado não subversivo.

O agente ferroviário é um dos quatro filhos da família Davi, um dos muitos sobrenomes que fizeram de Morro da Fumaça um município promissor. Ao lado da esposa Cessonia Cândido teve dez filhos. José Cândido faleceu em 1997, na cidade de Curitiba. 

Confira a transcrição literal do relato histórico: Esta Estação foi inaugurada dia 6 de janeiro de 1925.

1º Agente, Joaquim Branco de Mello, praticante do telegrafo, José Candido. 

2º Agente, Pedro Firmino de Sousa 

3º Agente, Demostin de Sousa Siqueira. 4º Agente, Santos Salvato Bitencourt.

5º Agente, José Cândido.

Até 1960

A todos que aqui permanecer esta fução meus votos de felicidade

M. da Fumaça 30/6/1960

Texto e fotos: Daiana Carvalho 

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Att:
Daiana Carvalho - jornalista (MTB 5466/SC)
Assessora de Comunicação município Morro da Fumaça

 

 

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